Quando o tarrafeiro se borrou de medo.

O outcast commander – inflável tipo caiaque a remos – havia sido entregue naquela semana. Na quinta feira coloquei na caçamba da peugeot e desci para um rio de mangue no litoral.

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A maré estava vazando forte e me lasquei todo para remar aquela bóia rio acima e chegar na primeira estrutura e tentar pescar.

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Foram minutos sofridos, cheguei suado e a primeira lição – não reme contra a maré. Foi eu fazer o primeiro arremesso e saiu de um córregozinho um caiçara com uma canoa de madeira, subindo o rio numa velocidade assombrosa vindo na minha direção. Eu estava muito puto com a minha situação – suado e não conseguindo arremessar e controlar o bote. O que foi que eu comprei Bino?

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O caiçara pegou sua tarrafa e ia jogar no meu lugar.

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EI! AQUI NÃO!!

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Berrei em direção ao sujeito que se espantou como se um monstro dos mares tivesse surgido do inferno.

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Ele pousou sua rede na canoa e voltou 10x mais rápido que chegou.

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Caí na gargalhada, sozinho, ali naquela água correndo entre minhas pernas, molhado, com mosquitos atazanando, nem tinha arremessado uma isca.

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Remei até o baixio e fiquei observando a natureza e pensando na vida.

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Cada coisa no seu lugar. Para pescar direito, é necessário estar no lugar certo na hora certa, com o equipamento certo!

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A correria da água acalmou e pesquei uns robalinhos.

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Voltei para a rampa, embarquei tudo aquele monte de bóia e remo e wader tudo sujo de lama fedida. Pota quels parió. Tem coisa que não funciona.
Parei na estrada para comer um pastel com caldo de cana.
Cheguei em casa e passei mal.
Que dia!

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