Montrose, CO. 2

Só quero saber a verdadeira verdade. Uma linha de pensamento.

Entramos na salinha de corte e enrolamento dos lisos (blanks).
TODO O MARKETING É BALELA.
WOW !
A premissa é que “todas” as varas de pesca são feitas com o mesmo material – grafite. Algumas tem boron, outras tem fibra de vidro, e agora as bolinhas mágicas de nano tecnologia. Mas não existe capacidade financeira na indústria da pesca com mosca para que uma empresa financie estudos no nível do Pentágono ou de um time de cientistas Phd para produzirem uma resina para varas de pesca com mosca !
As bolinhas do Sintrix foram ofertadas para todas as empresas de varas e somente algumas se dedicaram a usar. Agindo como advogado do Diablo, então se é tão milagrosa, por que todas não lutaram pelo material ? Se o Boron é tão excelente, por que todas não usam ?
A Verdade é que não existe milagre, sinto informar, mas é meu dever. Não é uma vara com uma resina de tecnologia “aero-espacial” que vai fazer seu arremesso mais perfeito. Como já escrito, na essência todas varas são feitas do mesmo bom e velho grafite (~ fibra de vidro). Mais módulos, menos módulos, IM6, IM8, B-delta-tango-charlie, tecnologia 9, …. Senhores, isso é marketing de cada empresa para se diferenciar entras as outras e criar e sustentar sua identidade. Estranho, quem vive de e para isso jogar estas palavras, mas é assim.

Então o que faz uma vara diferente da outra?

Ian continuou explicando que uma vara muito rígida com paredes finas é muito frágil, o oposto, muito pesada, se puxar uma conexão entre partes pra cima, fica pesado pra baixo, são infinitias variáveis. Uma vara é como um carro de fórmula 1. Você já deve ter visto que nos cockpits eles sempre estão ajustando uma asa, colocando mais pressão, tirando pressão do pneu, ajeitando, ajustando, tudo é em equilíbrio cinético, se mudar aqui muda lá que requer uma mudança de outro lado! Assim é a construção de uma vara de fly.
Então as empresas estão sempre buscando este equilíbrio com vista no que a vara se dedicará, água salgada flats ou água salgada mangue ou água doce flotada ou água doce wadeo. Lembra da experiência da G2 durante as flotadas na Patagonia algumas semanas atrás? A vara funcionou, pesquei, mas poderia ter um percentual de produtividade um pouco maior se tivesse pescando com uma S4 que é mais rápida e me permitiriria tirar e colocar a isca na mesma velocidade que o barco descia. Cada vara equilibrada para uma situação.
Por isso que não tem uma vara Universal faz tudo. Está ok ter várias e várias varas, uma pra robalo, uma pra robalo no fundo, uma pra tucuna, uma pra bass, uma pra truta, uma pra traíra.. O que a Scott prega – além da ideia de que não existe fórmula secreta e material da Nasa – é que cada vara tem seu lugar e aplicação.

Geralmente o mosqueiro inicia pescando com uma vara e então com o passar dos anos vai ampliando seus conhecimentos, expertise e feeling e exigindo essas configurações em varas diferentes, por isso também que a Scott não é uma vara para total iniciante, mas para quem já está andando sozinho.

Seguindo a conversa e com os lisos já cortados em suas partes (3, 4, etc) saem da sala de enrolação na máquina para a primeira inspeção, ali é o primeiro motivo por que as Scott são mais caras.

Todas as outras marcas lixam e pintam seus blanks, a Scott só trabalha com o blank ao natural, sem pintura. Vendo uma vara de Montrose de perto e passando o dedo pelo blank é possível enxergar e sentir as voltas que a manta de grafite deu. Este é o acabamento natural. Os lisos não são pintados ou lixados por que: 1 a lixa gasta de uma vara para outra, de uma vara para outra ela já não é a mesma. 2 a pressão que o montador aplica de uma vara para outra muda sempre 3 a pressão que uma pessoa faz é diferente do que outra pessoa faz.

Na primeira inspeção eles procuram falhas nas voltas de grafite e descartam os falhados. Outras empresas passariam o blank numa boa – especialmente as feitas na Ásia.
Ok, talvez seja quase impossível sentir essa diferença, segundo Ian, eles tem umas 40 pessoas que usam protótipos nos EUA e dão feedback antes de lançar uma vara, entre os 40 apenas 12 realmente conseguem sentir e detalhar “ei, este blank está diferente deste por isso isso e isso”. Sensibilidade artística.

OBS- Não estou pregando a falta de qualidade de outras marcas, mas relatando fatos do que acontece e no ponto de vista que me foi explicado e entendi. E se você refletir um pouco, é verdade.

Passa uma tinta ? Não, joga fora.

Talvez não se sinta diferença de uma vara para outra apenas por um detalhe como o acima, é na soma dos detalhes que se faz uma vara que produz o tipo de arremesso e pescaria que se deseja para o que ela foi projetada.

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